Grandes Mulheres (históricas)

Devido a grande dificuldade em achar este tipo de conteúdo em nossa língua, encontram-se aqui traduções de histórias de mulheres que se destacaram no mundo.

São assuntos de extrema importância, principalmente pelos motivos que destaco abaixo:
1 - Nos Estados Unidos os jovens estudam na escola a história do feminismo e de grandes mulheres na escola para que possam conhecer as heroínas de nossa história e se espelhar nelas;
2 - Para entender a força que as mulheres tiveram para lutar pelo que queriam, mesmo com tanta repressão e se espelhem nelas;
4 - Para que dêem muito mais valor pela liberdade que possuem agora e não joguem fora parando de trabalhar após casar-se e/ou virando escravas do espelho;

5 - Para incentivá-las a não cometer os mesmos erros do passado.

No Brasil muito pouco se sabe sobre mulheres que se destacaram (além das óbvias).
Tudo isso afeta a formação de um indivíduo.

No wikipédia em português, por exemplo, se clicarmos no nome de Sofonisba Anguissola o que veremos em português é um resumo de três linhas, em inglês são págínas e páginas sobre o assunto. Alguém tem que começar a traduzir este conteúdo para que seu acesso se torne cada vez mais amplo, e para que se torne cada vez mais conhecido em nosso país.

Começo com Sofonisba Anguissola não só pelo seu grande talento, mas porque foi independente a vida toda numa época em que isso era extremamente incomum entre as mulheres. Na época, as poucas que exerciam um ofício, abandonavam para se casar, mas ela continuou até o fim de sua vida. 

Sofonisba Anguissola
Também escrito Anguisciola
De 16/11/1532 – 1625
Foi uma pintora renascentista italiana.

Sofonisba Anguissola nasceu em Cremona, Lombardia por volta de 1532.
Era a filha mais velha de sete irmãos, seis meninas e um menino.

A mãe de Sofonisba, B
 ianca Ponzoni, pertencia a uma rica família de origem nobre.
E seu pai, Amilcare Anguissola, era um membro pouco importante da nobreza Genovesa.
Durante quatro gerações, a família Anguissola teve uma forte conexão com a história antiga de Cartago e por isso, nomearam seus filhos em homenagem ao grande general Hannibal. Então, a primeira filha recebeu o nome de uma figura trágica de Cartago, Sophonisba.

Cartago foi uma colônia fenícia do norte da África, situada na Tunísia. Foi uma potência na antiguidade e disputou com Roma o controle do mar Mediterrâneo. Depois de três guerras Cartago foi destruída.

Amilcare Anguissola encorajava todas as suas filhas (Sofonisba, Elena, Lucia, Europa, Minerva e Anna Maria) a cultivar e aperfeiçoar seus talentos. Quatro das irmãs (Elena, Lucia, Europa e Anna Maria) se tornaram pintoras, mas Sofonisba foi, de longe, a mais completa e famosa artista da família.

Elena se tornou uma enfermeira (Sofonisba pintou uma tela da irmã) e desistiu da pintura.

Anna Maria e Europa desistiram da arte para se casar.

Lucia Anguissola, a melhor pintora das irmãs de Sophonisba, morreu quando tinha 20 anos. Pouco se sabe sobre a vida de Lúcia. Algumas de suas pinturas foram achadas, mas somente duas estão assinadas. Giorgio Vasari (um grande historiador de arte) que conheceu suas obras quando já era falecida elogiou: O Retrato de Pietro Maria; Doutor em Cremona; Virgem com o Menino; Um retrato de uma Mulher (talvez seja um auto-retrato por ela ou Sofonisba); e dois retratos de Minerva Anguissola, que também podem ter sido feitos por Lucia. Algumas de suas obras podem ser encontradas na Pinacoteca Tosio Martinengo, na Bréscia e no Museu Poldi Pezzoli, em Milão.

A outra irmã, Minerva, se tornou uma escritora e estudiosa do Latim.

Asdrubale, o irmão de Sophonisba, estudou música e Latim, mas não pintura.

Seu pai aristocrata queria ter certeza de que Sofonisba e suas irmãs recebessem uma educação variada e de qualidade que incluísse as artes plásticas, mas as mulheres não podiam freqüentar as escolas de arte.

Anguissola tinha 14 anos quando seu pai a mandou junto com sua irmã Elena para estudar com Bernardino Campi, um respeitado retratista que também pintava figuras religiosas. Bernardino era formado na escola Lombard, situada em Cremona, onde Sofonisba nasceu. Quando Campi se mudou para outra cidade, Sofonisba continuou seus estudos com o pintor Bernardino Gatti (conhecido como Il Sojaro).

O aprendizado de Sofonisba com os pintores locais estabeleceu um precedente para que as mulheres fossem aceitas como estudantes nas escolas de arte.[1][2]

As datas não são exatas, mas Anguissola provavelmente continuou seus estudos com Gatti por mais 3 anos, de 1551 a 1553.

Como o próprio nome já diz o retrato duplo retrata seu professor pintando um retrato dela.



Em 1554, com 22 anos, Sofonisba viaja para Roma, onde passa todo o tempo esboçando cenas e pessoas.
Com a ajuda de outro pintor, que admirava o seu trabalho, ela consegue contatar Michelangelo. Encontrar Michelangelo era uma grande honra para Sofonisba e ela conseguiu ser treinada informalmente pelo grande mestre.

Um dia Michelangelo pediu a ela que pintasse um menino chorando, Sofonisba pintou “Criança mordida por um carangueijo” e mandou para Michelangelo, que imediatamente reconheceu seu talento.

Posteriormente, Michelangelo passava à Anguissola esboços de seus cadernos para que ela desenhasse em seu próprio estilo, oferecendo conselhos e orientação. Por pelo menos dois anos, Sofonisba continuou seus estudos, com Michelangelo.

Veja o que o grande historiador de arte Giorgio Vasari escreveu sobre Sofonisba: "Anguissola tem demonstrado mais dedicação e graça que qualquer outra mulher de sua idade. Ela conseguiu não só capturar a natureza, como também a criar por si mesma raras e belíssimas pinturas.

Embora Sofonisba contasse com muito mais incentivo e ajuda que a maioria das mulheres de sua época, sua classe social não permitiu que ela transcendesse as barreiras de seu sexo.

Sem a possibilidade de estudar anatomia ou modelo vivo (porque era inaceitável uma mulher visualizar modelos nus), ela não conseguiria realizar as composições complexas requeridas pelas grandes pinturas históricas e religiosas.

Ela, então, criou novos estilos, com temas escolhidos de maneira informal. Auto-retratos e membros de sua própria família eram seus temas principais.

Na corte Espanhola

Por volta de 1558, quando ela já era bem conhecida, Anguissola foi a Milão, pintar o Duque de Alba, que em troca a recomendou ao rei da Espanha, Philip II.

No ano seguinte, Sofonisba foi convidada para fazer parte da corte Espanhola, o que foi um divisor de águas em sua carreira.

Sofonisba Anguissola tinha mais ou menos uns vinte anos quando deixou a Itália para integrar a corte Espanhola. No inverno de 1559-1560 ela chegou em Madri para servir como uma pintora da corte, e também como professora para a nova Rainha, Elisabeth de Valois, a terceira esposa de Philip II, que era uma pintora amadora.

Sofonisba se empenhou para ensinar a Rainha, e conseguiu. Segue um trecho do que um Frances da corte escreveu a Catherine de' Medici, mãe de Elizabeth: “É incrível como suas pinturas progrediram depois de começar a tomar aulas com a dama italiana. Vou mandar encomendar a François Clouet alguns lápis de cera para a Rainha.[4]

Sofonisba logo ganhou estima e confiança da nova Rainha e passou os anos seguintes pintando muitos retratos oficiais da corte. Os trabalhos eram muito mais elaborados que os retratos informais que fizeram sua reputação e ela tinha muito mais trabalho para retratar as roupas elaboradas, o design complexo dos móveis e as jóias essenciais aos temas da realeza.

Apesar disto, os retratos de Elisabeth de Valois, (e depois as de Anne da Áustria, a quarta esposa de Philip II) eram vibrantes e cheias de vida.

Enquanto a serviço de Elizabeth de Valois, Anguissola trabalhou perto de Alonso Sanchez Coello. Tão perto que, a famosa pintura do Rei King Philip II, foi atribuída a Coello ou Pantoja. Só recentemente Anguissola foi reconhecida como pintora e criadora desta tela.[5]

Vida Pessoal

Em 1570, Anguissola tinha 38 anos e ainda não havia se casado. Depois da morte de Elisabeth de Valois, Philip II ficou preocupado com o futuro de Sofonisba e arranjou um casamento para ela. Por volta de 1571, ela se casou com Don Francisco de Moncada, filho do príncipe de Paterno, vice-rei da Sicília. A cerimônia de casamento foi celebrada em grande estilo, e ela recebeu um dote do Rei espanhol.

Depois do casamento, o casal viajou para visitar a família de Sofonisba e também as propriedades de seu marido, na Itália, mas retornaram à Espanha. Dezoito anos se passaram na corte e, com a permissão do Rei, Sofonisba e seu marido deixaram a Espanha, por volta de 1578. Eles foram para Palermo, onde o marido de Sofonisba morreu em 1579.

Sofonisba tinha agora 47 anos, e fazia uma viagem de navio para visitar sua família em Cremona, quando se apaixonou pelo capitão do navio, um homem bem mais jovem que ela Orazio Lomellino. E em Janeiro de 1580 se casaram em Pisa.

Orazio apoiou Sofonisba em seu trabalho e eles tiveram uma vida longa e feliz. Se estabeleceram em Gênova, numa casa bem grande onde a família de seu marido morava. Anguissola recebeu seu próprio quarto, estúdio e tempo para pintar e desenhar.

Últimos Anos de vida

A fortuna de Orazio, junto a uma pensão generosa de Philip II, tornava possível que Sofonisba continuasse pintando livremente e vivesse confortavelmente. Ela tinha fama e recebia muitos colegas que vinham visitá-la para discutir arte com ela. Muitos deles, jovens artistas, loucos para aprender e copiar o estilo único de Anguissola.
Em 1623, Anguissola recebeu a visita do pintor Flamengo Anthony Van Dyck, que havia pintado muitos retratos de Sofonisba, e guardou em seu caderno de esboços.

Anthony Van Dyck notou que, embora ela tivesse a vista fraca, estava totalmente lúcida.
Os conselhos que ela deu a ele sobre pintura sobreviveram à visita, já que o último retrato de Sofonisba foi pintado por Van Dyck na mesma ocasião.
No ano seguinte, ela voltou para Sicília.

Nos últimos anos, Anguissola pintou não só retratos, mas também temas religiosos, como fez em seus dias de juventude (infelizmente muitas dessas pinturas religiosas sumiram). Ela foi a principal pintora de retratos de Gênova até se mudar para Palermo no final de sua vida.

Em 1620, ela pintou seu último auto-retrato.

Ao contrário do que os biógrafos dizem, ela nunca ficou totalmente cega, mas talvez tenha tido catarata. Sofonisba se tornou uma rica patrocinadora das artes depois que sua vista enfraqueceu. Morreu com 93 anos, em Palermo, no ano de 1625.

Sofonisba foi reconhecida internacionalmente e respeitada durante toda a sua vida.

Sete anos depois, o que teria sido seu aniversário de 100 anos, se estivesse vida, seu marido escreveu em sua tumba, que em parte dizia:
"À Sofonisba, minha mulher ... que é lembrada entre as mulheres ilustres do mundo, excelente em retratar as imagens do homem ... Orazio Lomellino, na tristeza pela perda de seu grande amor, em 1632, dedico este pequeno tributo para uma mulher grandiosa."[6]

Estilo

A influencia de Campi, cuja reputação era baseada em retratos, é evidente em seus primeiros trabalhos, como o Auto-Retrato. Seu trabalho era vinculado à tradição secular de Cremona, muito influenciado pela arte de Parma e Mântua, em que mesmo as telas religiosas estavam imbuídas de extrema delicadeza e charme.

De Gatti, ela parece ter absorvido elementos reminiscentes de Correggio, começando uma tendência que se tornou moda nas pinturas dos Cremoneses do século XVI. Esta inovação pode ser observada no retrato Lucia, Minerva e Europa Anguissola Jogando Xadrez (1555; Poznan, N. Mus.)



em que o retrato se funde com uma cena de Pintura de Gênero, uma característica derivada dos modelos Brescianos.

A grande maioria dos primeiros trabalhos de Anguissola consistem de auto-retratos e retratos de sua família, já que sua fama fazia com que estes fossem muito requisitados.
Ela nunca dependeu da pintura para sobreviver.

Seus auto-retratos, bem como os retratos de sua família foram considerados por muitos, seus melhores trabalhos.

Um total de 50 telas são seguramente de Sofonisba.

Seu trabalho pode ser visto nas galerias em Bérgamo, Budapeste, Madri (Museu do Prado), Nápoles, Sena, e Florença (Uffizi Gallery).

Significância Histórica

A obra de Sofonisba Anguissola teve uma influência duradoura sobre as futuras gerações de artistas. O retrato da Rainha Elisabeth de Valois com o Zibellino (pelagem de um animal composto com jóias de ouro da cabeça aos pés) foi a mais imitada pintura na Espanha. Dentre os imitadores estão vários artistas famosos da época, como Peter Paul Rubens.

O grande sucesso de Anguissola abriu as portas para que um grande número de mulheres acreditassem mais em seus potenciais e seguissem carreiras nas artes. Eis alguns nomes famosos que sucederam Sofonisba: Lavinia Fontana, Barbara Longhi, Fede Galizia e Artemisia Gentileschi.

Notes
1. ^ Greer, Germaine (1978), The Obstacle Race: The Fortunes of Women Painters and Their Work, New York: Farrar, p. 180
2. ^ Glenn, Sharlee Mullins (1990), "Sofonisba Anguissola: History's Forgotten Prodigy.", Women's Studies 18 (2/3): 296
3. ^ Vasari. pg. 36
4. ^ Campbell, Lorne, Renaissance Portraits, European Portrait-Painting in the 14th, 15th and 16th Centuries, p. 151, 1990, Yale, ISBN 0300046758
5. ^ Museo del Prado, Catálogo de las pinturas, 1996, p.7 , Ministerio de Educación y Cultura, Madrid, ISBN 8487317537
6. ^ The High Priestess: Description

Bibliography
• Ilya Sandra Perlingieri, Sofonisba Anguissola, Rizzoli International, 1992 ISBN 0-8478-1544-7
• Chadwick, Whitney, Women, Art, and Society, Thames and Hudson, London, 1990 ISBN 0-500-20354-7
• Harris, Anne Sutherland and Linda Nochlin, Women Artists: 1550-1950, Los Angeles County Museum of Art, Knopf, New York, 1976 ISBN 0-394-41169-2
• Sylvia Ferino-Pagden, Maria Kusche, Sofonisba Anguissola: A Renaissance Woman,National Museum of Women in the Arts, 1995 ISBN 0-940979-31-4
• Pizzagalli, Daniela La signora della pittura : vita di Sofonisba Anguissola, gentildonna e artista nel Rinascimento, Milano 2003 ISBN 8817995096

Comentário da autora:
Mesmo tendo passado mais de 500 anos, Sofonisba e seus pais continuam sendo um grande exemplo para todas as mulheres.

Sofonisba abriu portas para outras mulheres, venceu inúmeras barreiras de sua época e descobriu seu lugar no mundo. A maior prova disso é que a mesma oportunidade foi dada a todas as suas irmãs, mas somente Sofonisba venceu. É preciso ter ânsia de viver pra fazer o que ela fez. É preciso acreditar em si. Muitas artistas que fizeram sucesso nos séculos seguintes continuaram a lagar a profissão quando se casavam.

Seus pais também merecem aplausos por oferecer oportunidades e não LIMITAR suas filhas apenas às “possibilidades” femininas da época. Não só a família deve se engajar nesse sentido, mas a sociedade. Sofonisba venceu a sociedade por seus próprios méritos.

Não é irônico que Sofonisba tenha aberto caminho para as mulheres de 500 anos atrás, e restem até hoje mulheres deixando seus ofícios e seus talentos pra trás, esquecendo de si mesmas e se anulando para casar?

Vê-se comumente promissoras profissionais, formadas em grandes faculdades, empregadas em grandes empresas de nosso país que marcaram casamento e assim que engravidaram largaram seus empregos e não voltaram mais.
Ou apenas concluem que se o marido é rico e consegue prover tudo o que ela precisa não precisam trabalhar. Não precisam encontrar um lugar no mundo e na sociedade. Não precisam encontrar um motivo para ter ânsia de acordar no dia seguinte. Não precisam sentir medo nunca mais, arriscar nunca mais, apenas se acomodar.
Este é um dos grandes vícios do passado da história das mulheres. Esta mais do que na hora de vencer este vício.


* Se você quiser traduzir também a história de uma grande mulher do passado, por favor, traduza e nos envie que nós publicaremos. Nos ajude a fazer este trabalho mais rápido!

Todas as mulheres agradecem pela informação.


11/06/2010

Beatriz Galindo
Também escrito Beatrix

Foi uma médica, escritora erudita, humanista e professora. Nasceu em Salamanca, Espanha, mas há divergências sobre o seu ano de nascimento (1464, 1474, 1475) – Morreu em 23/11/1534, em Madri.

Muito pouco se sabe sobre a história desta notável mulher que alcançou fama e foi uma das mais bem sucedidas mulheres de sua época. As enciclopédias e livros de literatura espanhola fornecem muito pouca informação sobre ela, sendo no máximo citada como humanista, mas com menor entusiasmo que dão a Nebrija, Juan de Valdes, Alfonso de Valdés, Arias Montano, Luis Vives, etc.

Nascida em uma família pobre, de origem Zamorana, Beatriz foi a escolhida, entre suas irmãs para ser freira. Seus pais, então, a colocaram para estudar Latim em uma das instituições no âmbito da Universidade de Salamanca, já que naquela época, raramente as universidades italianas aceitavam mulheres como estudantes, então acredita-se que ela foi, durante algum tempo, estudante do grande sábio espanhol Antonio Elio de Nebrija [4].

Beatriz sempre mostrou afinco pelos estudos desde pequena, o que a concedeu excelentes resultados e acabou solidificada a uma carreira acadêmica. Mais tarde Beatriz estudou na Itália onde tirou seu diploma em Latim e Filosofia pela Universidade de Salerno. [2] [3]

Ela se destacou, não só nas traduções e leitura dos textos clássicos, mas também era capaz, aos quinze anos, de falar fluentemente o Latim. Sua fama se estendeu primeiro em Salamanca e depois pelo reino todo. A essa altura já era chamada de “A Latina” devido a seu conhecimento do Latim e ao seu grande prestígio adquirido.

Foi professora da Universidade de Salamanca, na Espanha, onde ensinou retórica, filosofia e medicina [3], tornando-se uma das primeiras mulheres a ser ativa na vida pública durante o Renascimento. Se tornou uma grande escritora erudita, escrevendo em Latim poesias e estudos sobre Aristóteles.[5]

Mais tarde, foi chamada à corte pela Rainha Isabel “A Católica”.[2]
A verdadeira personalidade de Beatriz Galindo deve estar relacionada aos interesses políticos e culturais da Rainha de Castela, já que as duas se tornaram grandes amigas. (Reino de Castela foi um dos antigos reinos da Península Ibérica formados durante a Reconquista. Na verdade, começou por ser um condado do Reino de Leão, até se tornar independente. Desde o ano 1833, o seu território faz parte da Espanha.)

Seus ensinamentos não só serviram a Rainha, mas a família real inteira especialmente aos filhos da Rainha. Também ensinou Catharine de Aragon, a esposa de Henrique VIII da Inglaterra, e Joanna de Castile, a esposa de Philip de Habsburg que mais tarde virou as Juana, A Louca.[5]

Sua presença na corte não se limitou unicamente a seu trabalho como professora, já que, a rainha valorizava muito seus conselhos.
Tanto que os reis católicos lhe deram um dote de 500.000 maravedíes (nome da moeda Ibérica, entre os séculos 11 e 14), para que ela pudesse se casar em Dezembro de 1491 com o capitão artilheiro, D. Francisco Ramírez de Madri.
Eles tiveram 5 filhos, mas em 1501 ela enviuvou, retirando-se da corte e fixando residência em Madri, no atualmente conhecido como Palácio de Viana.

Os homens humanistas como Nebrija, Brocense, Luis Vives, Juan de Valdés eram convocados a muitas cidades da Espanha e homenageados pelos poderosos que os protegiam e os sustentavam. Mas, no caso de Beatriz Galindo tudo o que sabemos dela fica limitado a duas cartas e alguns poemas em Latim. Tudo o que sabemos é que Beatriz Galindo conseguiu fazer fama e se tornar uma importante figura Renascentista, como humanista sem ter linhagem real, um sobrenome poderoso e sendo mulher. Isto é, ela venceu sim todo e qualquer preconceito de sua época, posicionando-se para sempre entre os grandes nomes da história.

A ela se deve a fundação do hospital da Santa Cruz (1506) e ao convento Concepción Jerónima, em Madri. A origem deste convento esta fortemente ligada ao convento da Concepción Francisca, e a todos os problemas que se sucederam durante a sua fundação.

Primeiramente foi fundado em 1504 por Beatriz Galindo, em uma casa de sua propriedade na rua Toledo perto da praça Cebada, junto ao hospital La Latina, mas logo começaram os problemas com o padre superior do convento de São Francisco, que moveu uma ação alegando que era ilegal construir um convento tão perto de seu prédio.

Além disso, o marido de Beatriz, D. Francisco Ramírez, que tinha morrido em 1501, havia prometido a casa aos franciscanos. E apesar das freiras terem se instalado no convento em 1508, logo veio uma decisão legal dando a razão aos franciscanos. Hoje esta casa é o convento da Conceição Francisca. Elas, então tiveram que abandonar a casa e passar para outro mosteiro construído mais acima, nas casas da família Ramirez.

Em 15 de maio de 1509 as freiras entraram em seu novo convento, que a partir daquele momento se tornou conhecido pelo nome de Concepción Jerónima.

Quanto ao edifício, se destaca sua igreja, construída na primeira metade do século XVII (tinha uma cruz latina e abóbadas góticas na capela principal. Em cada lado destacava-se os túmulos de Beatriz Galindo e Francisco Ramirez. Embora vazia, foi sepultada no coro da igreja.

O convento foi demolido em 1890 para abrir a rua Duque de Rivas, transferindo as freiras a outro edifício entre as ruas Lista e Velázquez.

Quanto aos túmulos foram transferidos para a Casa y Torre de los Lujanes, mas não o corpo de Beatriz, que desde então acompanha a comunidade em sua jornada a diferentes lugares de Madri, encontrando-se atualmente no novo convento de freiras em Goloso.

Curiosidades:
Em Salamanca, sua cidade natal e em Madri existem várias estátuas de Beatriz.
Em Madri, na rua 10, Goya, está o Instituto de Educação Secundária Beatriz Galindo.
Em Motril, um município da Espanha, na província de Granada, também há um Instituto de Educação Secundária cujo nome é Beatriz Galindo, "La Latina".
O lugar onde Beatriz viveu em Madri, hoje se chama “La Latina” em sua homenagem. Assim como diversos estabelecimentos como teatros, parques, clínicas médicas e tantos outros.
Ela fundou o Hospital da Santa Cruz (Santa Cruz de Madrid) em 1506 em Madri.
Dizem que ela se vestia com hábito de freira.[2]













Beatriz Galindo, professora da Rainha de Castela Isabel I e seus filhos, e do Rei de Aragon Ferdinand II de Aragon, O Católico (aparece vestida de preto) nesta pintura a óleo chamada Testamento de Isabel A Católica (no Museu do Prado, em Madri). Uma recriação histórica do século XIX, obra de Eduardo Rosales, junto aos Reis Católicos, Cardeal Cisneros e outros personagens da corte real.

Referências:
- Beatrix Galindo Entry at the Dinner party Database of notable women at the Brooklyn Museum. Accessed July 2008.
- The Biographical Dictionary of Women in Science By Marilyn Bailey Ogilvie, and Joy Dorothy Harvey, Taylor & Francis 2000. ISBN 0415920396
- The Hidden Giants Women in Science by starlady. Accessed July 2008
- Womens History by Jone Johnson Lewis at About.com. Accessed July 2008
- Beatriz Galindo-Breve Reseña Biográfica De La Titular Del Centro Spanish Ministry of Education, In Spanish Google translation Accessed July 2008
- Arteaga, Almudena de (2007), Beatriz Galindo, The Queens Latin teacher , Algaba editions. ISBN 978-84-96107-89-2.

12/01/2011

Betty Friedan

04/02/1921, em Peoria, Illinois à 04/02/2006.
Escritora, ativista e feminista.
Conhecida por remodelar as atitudes dos americanos mudando o modo de vida e direitos das mulheres. Seu nome de nascença é Betty Naomi Goldstein.
Todo o texto em verde, refere-se aos comentários da blogueira (escrito sempre pensando nas mulheres do Brasil).
 

“...não é possível modificar o atual panorama de violência no mundo sem o concurso da mulher, que além de constituir metade do gênero humano, forma ou deforma a outra metade. Não se trata de opor-se ao homem, mas sim de que ambos, mulheres e homens, tomem consciência de sua alienação, de sua manipulação pela sociedade de consumo que os impedem de crescerem e se realizarem juntos como seres humanos ativos, felizes, úteis. Trata-se de aliar energias na tarefa de criar um mundo melhor. Trata-se de possibilitar entre os sexos um vínculo realmente maduro e harmonioso, em que nenhum domina o outro ou usurpa algo do outro.”
Betty Friedan.



Introdução
Até hoje, existe uma resistência muito grande entre muitos brasileiros em entender o que foi o movimento feminista de Friedan. Em poucas palavras, o feminismo de Friedan nada mais é do que a constatação de injustiças nas Leis e a conseqüente reforma das mesmas, para tornar possível o progresso da mulher.

Muitos homens sentem-se ameaçados quando ouvem falar sobre feminismo, acham que estamos tentando criar um mundo contra a família, contra o matrimônio e com ódio ao sexo masculino.

Muitas mulheres dizem que não são feministas porque acham que os sexos não são “iguais coisa nenhuma”, mas ignoram que o movimento feminista nunca afirmou isto. Ele apenas formulou leis específicas para as mulheres, que tinham sido esquecidas.

A imprensa brasileira até hoje não compreendeu o que Betty Friedan dizia e continua a questionar os resultados do movimento iniciado por Betty. 

A verdade é que Betty Friedan conseguiu revolucionar os Estados Unidos, praticamente, sozinha. Foi ela quem iniciou a chamada "segunda onda" do feminismo.

Pena que no Brasil ela tenha sido ridicularizada e seus conceitos, intenções e pensamentos distorcidos pela mídia controlada pela ditadura da época.

O Brasil nunca teve a chance de conhecer a verdadeira Betty Friedan. As poucas brasileiras que tiveram acesso a suas verdadeiras idéias tiveram suas vidas investigadas durante anos.

Se Betty tivesse conseguido mudar as leis e a mentalidade dos brasileiros como fez nos EUA a existência deste blog seria desnecessária. Seria no máximo um blog chamado algo como “A ditadura da beleza”.

Porque o Brasil nunca teve uma Betty Friedan? Mas se há uma coisa que vamos fixar após conhecermos melhor a vida desta ENORME mulher é que lamentar, não adianta nada.

Que o Brasil perdeu muito com a ditadura todos sabem, o que ninguém se deu conta é que muito não define milhões de brasileiras.

Resumo de suas realizações

- Conscientizou as mulheres que até então negavam a necessidade de mudanças;

- Criou a Organização Nacional de Mulheres (NOW);

- Criou a Política Nacional das Mulheres;

- Conseguiu aprovar a Lei de direitos iguais entre os gêneros e várias outras com foco na mulher;

- Desvendou e solucionou muitos problemas psicológicos e sociológicos;

- Enviou relatório ao presidente dos EUA ensinando como atingir a igualdade entre os sexos;

- Abertura de creches em regime de tempo integral em todo o país;

- Forçou a Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego a parar de ignorar e resolver as reivindicações que envolviam discriminação sexual com dignidade e respeito;

- Concedeu liberdade de expressão às mulheres;

- Paridade de salários entre os gêneros, para tarefas iguais;

- Possibilitou que a sociedade, a mídia de massa, educadores, psicólogos, cientistas, médicos e escritores que estudavam e definiam a mulher parassem de tratá-la como louca; Sedando-a constantemente, questionando o alto nível de ensino oferecido às mulheres e retratando-a sempre como um ser submisso e incapaz.

- Revogou a nomeação G. Harold Carswell da Suprema Corte Americana (um racista e anti feminista);

- Escreveu 6 livros;

- Legalizou o aborto nos EUA, em 1973;

- Conseguiu aprovar uma lei que tornou ilegal a segregação por sexo;

- Fundou o primeiro banco para mulheres;

- Fundou uma espécie de Companhia de Consultores Financeiros e Banqueiros pessoais para gerir o patrimônio das mulheres, chamado Trust Company;

- Nunca concordou com algumas feministas extremas que transformaram o feminismo a ódio ao sexo masculino.

Sua história
Quando seu pai, Harry Goldstein, dono de uma joalheria, em Peoria, adoeceu e sua mãe, Miriam Goldstein, que foi dona de casa a vida toda, se viu forçada a trabalhar, as peças se encaixaram na cabeça de Betty. Sua mãe, que começou a escrever para coluna social de um jornal, desabrochou para a vida e logo descobriu que se sentia muito mais feliz e realizada trabalhando.

Na verdade, Betty sempre teve uma percepção aguçada para notar as injustiças e as limitações impostas pela sociedade.

Quando jovem, Betty era uma Marxista ativa e vivia no meio Judaico.

Mais tarde cursou o colegial na Peoria High School onde trabalhou no jornal da escola. Ela escreveu que se sentia isolada da comunidade e seu "fascínio contra a injustiça...se originou do fascínio contra a injustiça do anti-semitismo.”

Ao ser recusada para uma coluna, Betty reuniu mais seis amigas e, juntas, fundaram uma revista literária chamada Tide. Nesta revista, Betty e suas amigas falavam sobre as diferenças entre a vida caseira e a vida acadêmica.

Em 1938, ela cursou uma faculdade de artes liberais para mulheres chamada Smith College, e ganhou uma bolsa de estudos em seu primeiro ano por sua performance fora do comum. No segundo ano, se tornou interessada em poesia, e teve muitos de seus poemas publicados no jornal da faculdade.

Em 1941, ela se tornou editora-chefe do jornal da faculdade. E, sob sua liderança, os editoriais se tornaram cada vez mais políticos, assumindo uma forte postura contra guerras e ocasionalmente causando polêmica.

Em 1942, ela se formou em Psicologia com Summa Cum Laude (expressão do latim usada nos EUA para indicar o nível de resultados conquistados pelo aluno na faculdade). Existem três graus: Cum Laude (Com Honra); Magna Cum Laude (Com Grandes Honras); Summa Cum Laude (Com a Maior das Honras) representa a maior distinção, e é o reconhecimento por obter a máxima qualificação possível.

Em 1943, passou um ano na Universidade da Califórnia, em Berkeley e, mais uma vez, ganhou uma bolsa para realização de um trabalho de pós-graduação em psicologia com nada mais nada menos que Erik Erikson (Psicológo e Psiquiatra conhecido por desenvolver a Teoria do Desenvolvimento Psicosocial e um dos teóricos da Psicologia do Desenvolvimento. Ele também é muito conhecido por ter criado a expressão Crise de Identidade).

Com o tempo ela se tornou mais ativa politicamente e muitas de suas amigas foram investigadas pelo FBI. Friedan diz que seu namorado da época a pressionou para desistir de concluir seu doutorado, e abandonar a carreira acadêmica.

 

Carreira como jornalista

 

Antes de 1963

 

Depois de terminar em Berkeley, Friedan se tornou uma jornalista de esquerda. Entre 1943 e 46 ela escreveu para o jornal The Federated Press e entre 1946 e 52 ela trabalhou no jornal Union Newspaper UE News.

Friedan foi despedida do jornal Union Newspaper UE News, em 1952, porque estava grávida do seu segundo filho. Depois de deixar o UE News, ela se tornou uma jornalista freelancer, e escreveu para várias revistas, inclusive a Cosmopolitan.

 

O livro que sacudiu os Estados Unidos: The Feminine Mystique (A mística Feminina).


No seu 15º encontro de alunos da faculdade, em 1957, Friedan conduziu uma pesquisa sobre seus colegas formados, focando na educação que tiveram e em suas subseqüentes experiências de vida e conquistas.

Ela comprovou que suas antigas colegas estavam tão insatisfeitas em sua vida doméstica quanto ela, que tinha casado em 1947 com Carl Friedan, de quem se divorciou em 1969.

Ela começou a publicar artigos sobre o que ela chamou de "o problema sem nome," e obteve respostas de muitas donas de casa agradecidas por saberem que elas não estavam sozinhas.

Aos 42 anos, Friedan atraiu a atenção pública quando decidiu explorar o tema no livro chamado, The Feminine Mystique, publicado em 1963.

O livro fala sobre o papel das mulheres nas sociedades industriais, especialmente o papel dona de casa em tempo integral, que Friedan considerava sufocante. Friedan fala sobre seu próprio “terror” de estar sozinha, e notava nunca ter conhecido um modelo feminino positivo na vida que trabalhasse e tivesse uma família. Lá, ela fornece inúmeros relatos de donas de casa que se sentiam presas. Com seu conhecimento em psicologia, Friedan critica a Teoria da Inveja do Pênis, de Freud, notando muitos paradoxos em seu trabalho. E oferece soluções a mulheres que desejassem estudar.

A teoria da Teoria da Inveja do Pênis, de Freud, e a falta de compreensão que Freud tinha sobre as mulheres, só foram desvendadas com o surgimento de Betty Friedan. E no Brasil, infelizmente, se reflete até os dias de hoje. Até hoje há psicólogos que acreditam que a mulher realmente não é mais feliz por que gostaria de ter um pênis...



Depois é preciso ouvir frases do tipo: “muita mulher junto dá confusão; mulher implica muito uma com a outra.” 

Façamos o seguinte, vamos separar um grupo de homens pra fazer apenas coisas que eles adorem fazer e outro para fazer apenas obrigações, trabalho, coisas que eles não gostem de fazer. Qual é o grupo que vai dar mais briga e confusão? A jornada tripla de muitas mulheres comparada com o descanso do homem em frente a televisao ao final de um almoço familiar pode explicar muita coisa.

Não é uma questão de sexo, ou hormônios, como a sociedade teima em afirmar. É algo natural, de qualquer ser humano.



E o que dizer de frases : “Vai entender as mulheres!”; “Mulher: ô bicho esquisito!” Foi Freud que perpetuou esse preconceito, porque ele próprio não conseguiu desvendar as mulheres. Bom, Betty Friedan conseguiu. Os psicólogos não deveriam ser Freudianos, mas sim “Friedanianos”.



Bom, até hoje há ginecologistas que afirmam (com ares de semi-Deus) que a tpm é fruto do ingresso da mulher no campo de trabalho porque, segundo eles, a mulher não foi “projetada” pra isso, e sim pra ficar em casa e reproduzir. Este é ou não é um pensamento Freudiano? É a prova de que a revolução da Betty Friedan nunca chegou no Brasil.

O livro que no começo tinha sido rejeitado pela imprensa, se tornou um best seller nos Estados Unidos. Ele discutia a crise de identidade feminina, analisando minuciosamente a construção da imagem da mulher como dona de casa perfeita, mãe e esposa, e tornou-se um dos principais desencadeadores da chamada segunda onda feminista que varreu o Ocidente.

Tudo isso que aconteceu nos EUA respingou  no Brasil, mas estamos longe de termos conquistado espaço similar ao delas. Quando falamos em leis para as mulheres aqui, o assunto se encerra nas delegacias da mulher que TENTAM cuidar de mulheres que apanham dos maridos ou então distribuem camisinhas para controle de natalidade.

Além dos relatos de suas colegas de faculdade, o "problema mal formulado" ou "mal sem nome" que acometia principalmente as mulheres casadas nos anos 50 e 60, tornou-se perceptível para Friedan a partir de suas próprias experiências e também das experiências de outras mulheres que conheceu quando trabalhava como repórter de uma revista. Nessa época estava criando seus três filhos em Roackland Country, em Nova York.

Ela entrevistou várias mulheres a respeito de suas dificuldades com os filhos, o casamento, a casa, a comunidade. Segundo ela, os ecos do problema podiam ser ouvidos em dormitórios universitários, enfermarias de maternidades, reuniões de pais e mestres, almoços da Liga das Mulheres Votantes, coquetéis, carros à espera de trens. O problema ultrapassava classes sociais, idades, credos e etnias. Em qualquer país as inquietações manifestadas por pessoas de várias idades, classes sociais e credos lhe tocaram primeiramente como mulher, para mais tarde se fazerem perceber como problemas psicológicos e sociológicos.

Mas, afinal, que problema sem nome era esse? Como esse problema era descrito pelas mulheres que falavam a Friedan?

O sentimento de estar vazia, sentir-se incompleta, ter a impressão de não existir, sentir-se cansada e aborrecida, zangar-se facilmente com as crianças e o marido, chorar sem motivo aparente pontuava as angustiadas falas. O problema acabava, muitas vezes, por desaguar nos consultórios de médicos, psicanalistas ou era temporariamente driblado com a ajuda de tranqüilizantes.

A mulher, não só era reprimida, como também tratada como louca. Ninguém entendia porque a mulher era tão infeliz e tão triste. Como ela não era capaz de se realizar cuidando da casa, tentando ser perfeita esteticamente e vivendo para a família?

Ou então, nos dias de hoje, em nosso país, como que a mulher não é tão feliz sabendo que para se realizar ela precisa carregar uma jornada dupla nas costas, ser esteticamente perfeita, ganhar menos que o sexo masculino? Se os anticoncepcionais femininos acabam com a saúde e bom humor da maioria? Se ela não pode envelhecer, engordar, ficar flácida? Se é subestimada a todo o momento e em várias atividades?

Como, infelizmente, foi criado um “universo feminino” (que sempre é deixado a parte de tudo e que existe em qualquer lugar do mundo), o “mal sem nome” demorou 10 anos para chegar em veículos respeitáveis como New York Times, Newsweek, Time, Good Housekeeping e a CBS, já que, na década de 50, só as revistas femininas falavam sobre o assunto.

Então, artigos e reportagens abordavam a infelicidade feminina, buscando razões superficiais para explicá-la. E começou a demonstração da incompetência e ignorância de profissionais que esperavam resolver o problema lançando eletrodomésticos com designer mais bonito, aumentando a quantidade de reuniões de pais e mestres ou até mesmo questionando se a educação elevada destinada a donas de casa não era a responsável pelo “problema sem nome”.

Friedan não se conformou com nenhuma dessas explicações e resolveu colocar o dedo na ferida ao apontar a "mística feminina" como causa maior de todos esses problemas que precisariam ser encarados de maneira séria pela sociedade:

“ ...O problema não pode ser compreendido nos termos geralmente aceitos pelos cientistas ao estudarem a mulher, pelos médicos ao tratarem dela, pelos conselheiros que as orientam e os escritores que escrevem a seu respeito.”

A mulher que sofre deste mal, e em cujo íntimo fervilha a insatisfação, passou a vida inteira procurando realizar seu “papel feminino”. Não seguiu uma carreira (embora as que tenham seguido talvez tenham outros problemas); sua maior ambição era casar e ter filhos.

Acreditem se quiser: conheço mulheres que ainda se identificam com o filme O Sorriso de Monalisa, que retrata essas mulheres que largam tudo pra casar e ter filhos.

Para as mais velhas, produtos da classe média, nenhum outro sonho seria possível. As de quarenta ou cinqüenta anos, que quando jovens haviam feito outros planos e a eles renunciado, atiraram-se alegremente a vida de donas-de-casa.

Para as mais moças, que deixaram o ginásio ou a faculdade para casar, ou passar algum tempo num emprego desinteressante, este era o único caminho. Eram todas muito "femininas" na acepção comum da palavra, e ainda assim sofriam do mal.

Essas mesmas mulheres dão bastante valor as suas “feminilidades”. 

Elas desejam ser muito “femininas”. A verdade é que até hoje, há mulheres que ainda sofrem com o problema e acham cômodo se esconder atrás de um marido, já que sentem medo de enfrentar o mundo e ir atrás do que querem. Ser “feminina” se tornou cômodo.

E afinal o que é ser feminina? é ser submissa?

Ela analisou, em seu livro, como as mulheres americanas estavam se casando cada vez mais jovens e como iam cada vez menos à universidade, com obsessão durante toda a vida pela condição de objeto belo, preocupando-se em adaptar seu corpo e seu rosto às modas.

E as que trabalham, fúteis ou não, são constantemente atrapalhadas por esta louca obsessão que consome tempo precioso e as empurra a um mundo de futilidades, muitas vezes sem nem perceber.

A cozinha era considerada o habitat “natural” da mulher, daí os esforços de decoradores e da indústria de eletrodomésticos para convertê-la em um lugar agradável.

O lar, como referência maior, era o lugar de onde as mulheres saíam apenas para comprar, levar as crianças à escola ou acompanhar seus maridos a reuniões sociais.

Eu nunca tinha entendido essa referencia de filmes e novelas em retratar a mulher como um ser viciado em reformas na casa. É só uma mulher se casar com um homem rico pra eles puxarem pra esse assunto e dizer frases do tipo: “que tipo de mulher não é louca por uma reforma?” 

Mas agora lendo isso me pergunto se esse comportamento 
não se origina da era anterior a Friedan, como uma falta do que fazer e pensar interiormente, projetado na mudança do exterior.

As mulheres viam esses problemas, quase sempre, como falhas no seu matrimônio. Que espécie de mulher era ela, caso não sentisse uma “mística realização” encerando o chão da cozinha? Tudo isso provocava Friedan.

NÃO AJUSTAR-SE AO PAPEL DE FEMINILIDADE, AO PAPEL DE MÃE E ESPOSA, ERA O TAL "PROBLEMA SEM NOME".

Hoje, acredito que o problema esteja um pouco mais confuso, porque ele aparenta estar invertido, mas não esta.

Quantas mulheres não desejam ser “mais femininas”, isto significa ser, acima de tudo, bonita e o mais sexy possível;
Ser boa de cama (para agradar ao parceiro);
Parar de trabalhar para ficar com os filhos, ou simplesmente parar de trabalhar ao se casar com um homem rico;
Estar sempre na moda (uma ditadura para as roupas, corpo, rosto e cabelo); Não se envolver com as finanças e contas pra pagar;
Não tomar decisões;
Esquecendo do que realmente deveriam fazer como:
Auto realizar-se como ser humano;
Descobrir sua vocação;
Descobrir o que a faz feliz (além de uma tarde no shopping com um cartão de crédito ilimitado);
Pensar por si mesma (e não deixar a sociedade dizer o que a faz feliz, e qual é o modo correto de viver a vida) ...

Mesmo para as que tem um olhar mais treinado e não sonham com muitas das coisas citadas acima, a manipulação da mulher pela sociedade de consumo é tão grande que ainda é muito difícil escapar da vaidade excessiva. Ou porque deseja ser mais bela, ou porque não sente que possa ficar menos bonita devido a algum trabalho que desempenha.

O livro caiu como uma bomba nos Estados Unidos e provocou, em muitas leitoras, o desejo de abrir uma associação.

Em outubro de 1966, Betty se tornou presidente da nova conferência nacional que se fundou em Washington. A chamada Organização Nacional de Mulheres - National Organization for Women, abreviada como NOW.

Esta organização visava colocar as mulheres no centro da sociedade americana em plena igualdade com os homens.

Entre os princípios da NOW estava a denúncia das idéias sexistas de nossa sociedade, seus costumes e preconceitos, e do consumismo que convertia as mulheres em objetos. Isto é, igualdade numa sociedade onde ninguém questionava as estruturas.

A NOW predicava a necessidade de auto-realização e de busca de identidade individual, mas como suas componentes pertenciam à classe média acabaram por ignorar os problemas das classes inferiores, mas isto não comprometeu sua importância.

Em 1969, Betty deixa a presidência da NOW e, no ano seguinte, organiza uma manifestação realizada em 26 de agosto de 1970, em várias cidades americanas, foi quando ficou claro a importância e a dimensão de Betty Friedan. Milhares de mulheres foram às ruas em Nova York, Washington, Boston, Detroit e de várias outras cidades do país.

As mulheres não estavam unidas como estudantes, operárias, esposas de grevistas ou de empregados, nem como mães de soldados, mas simplesmente como mulheres. E essa era a grande novidade.

A passeata foi o ápice de uma série de reuniões, conferências, atos de protestos, mensagens ao Congresso e outras formas de ação tendentes a conscientizar as mulheres e a despertar a atenção do público e dos legisladores sobre importantes questões vinculadas à posição da mulher naquele momento.

Quatro pontos básicos eram pleiteados por elas:
Oportunidades iguais de acesso ao trabalho e à instrução;
Paridade de salários para tarefas iguais;
Legalização do aborto;
Abertura de creches em regime de tempo integral em todo o país.

*O trecho, em verde, a seguir, encontra-se no item “projeto de lei” deste blog. Então quem já leu, não precisa ler de novo.



E eu iria mais longe, acho que as mulheres deveriam ter o direito a escolher se querem ficar em casa cuidando dos filhos ou se preferem deixar isso para os homens fazerem.



Acha estranho?



Na Alemanha a lei é a seguinte: O casal recebe 2 anos de licença maternidade (tudo bem não vamos entrar em possibilidades econômicas dos países), mas o interessante é como o trabalho é dividido, 1 ano pra cada um. E esse tempo ja foi maior.



Quem fica primeiro? O casal decide. O mais comum é a mulher ficar primeiro, pois ela deseja amamentar, se recuperar dos 9 meses e emagrecer. Aqui, como não temos uma economia comparável a deles e 6 anos seriam totalmente inviáveis, deveríamos dividir do mesmo jeito. Quanto tempo é a licença? 6 meses? Então deixa 3 meses pra mulher e 3 meses para o homem.

Então vai ter muita mulher dizendo que não quer ser responsável por reduzir o tempo de amamentação do próprio filho. Ok. Vou contar uma historia que talvez mude sua perspectiva:



Outro dia ouvi uma mãe de uma menina de 10 meses dizer que a pediatra tinha aconselhado ao pai ir tomar cerveja quando a menina preferisse ficar com a mãe do que com ele.



Segundo a médica, como quem cuidou da bebe nesse quase 1 ano foi a mãe, e o pai ia trabalhar todos os dias, ela se apegou a mãe, mais que ao pai, então, hoje em dia, mesmo quando o casal esta junto cuidando do bebê, ela sempre quer a mãe e não o pai.



A médica diz que muitos pais (homens) ficam deslocados com isso, se sentem um peixe fora d’água, mas o conselho da médica foi uma “pérola”, ela disse: “quando isso acontecer vai tomar uma cerveja”.



LEIS SEXISTAS CRIAM VIDAS E FAMÍLIAS SEXISTAS.



É uma piada camuflada, mas sexista. Então a mãe (que já é bem atormentada pela sociedade pra se sentir responsável por tudo de ruim que acontecesse ao filho) deve continuar a cuidar da criança sozinha e o pai deve continuar a aproveitar a vida como se não tivesse colocado um filho no mundo, como se ele não fosse 50% responsável por aquela criança? Um absurdo! A mãe deu risada da piada, achou engraçado.



Este é o princípio do comportamento facilmente observado nas famílias onde os filhos de 20 anos ou mais continuam a chamar pela mãe quando querem ou precisam de qualquer coisa. E não ao pai.



Esta aí a lei dando a sua “valiosa contribuição” para mais um stress feminino. Isso evitaria o princípio do sexismo nas famílias por apego a mãe, por requisição das mães a todo momento, pelo resto da vida.



Além disso, as mulheres acham que estão contribuindo muito para o homem quando aliviam tudo e qualquer tarefa “menor” que eles precisem desempenhar em casa. O que elas estão criando? Um poço de orgulho? Esta não é uma contribuição boa nem ao seu marido, nem um bom exemplo aos seus filhos, que absorvem sim essa separação tornando natural a sobrecarga na vida das meninas e tornando natural o orgulho se forem meninos.



Além de tudo, existem mulheres que não têm leite. Então qual é a justificativa pra ela TER QUE ficar em casa e o marido não?



Há aquelas que escolhem não amamentar por que tem dor, ou tem medo de ficar com os seios flácidos, ou ainda se sentem esquisitas porque a vida toda dela, até o momento, seu seio foi visto como um “apetrecho” de conquista, ou um objeto do desejo.



E há aquelas que gostariam de amamentar e continuar trabalhando (para essas a idéia da creche realmente é o mais acertado).



E existem mulheres revoltadas com isso o suficiente pra escolherem não amamentar.

Mesmo que você ache essas 4 justificativas acima erradas. Elas existem e deveria ser um direito de escolha. As leis empurram as mulheres a um lugar específico.



Não agüento essas propagandas “obrigando” a mãe a amamentar! Eu não fui amamentada e sou saudável, me dou muito bem com minha mãe e não vejo o porquê esse “escândalo” tão grande da mídia em relação a isso. Com tanta propaganda incentivando a amamentação e falando de seus benefícios, quem escolhe não amamentar tem que ter a cabeça muito no lugar para não sentir culpa.

Quem vai ficar cuidando do bebê deveria ser uma escolha do casal.

Assim como em outros momentos protagonizados pelas feministas, a passeata foi alvo de uma onda de sarcasmo. A imprensa fez de tudo para desqualificá-la pela ironia e pelo ridículo, mostrando-a como uma colossal manifestação de histeria coletiva.

Betty Friedan e outras líderes do movimento foram descritas como frustradas, neuróticas, homossexuais, megeras ressentidas, espumando de ódio contra o sexo masculino.

Minha prima se casou com um cara muito sexista, extremamente tradicional e meio fanático religioso. Eu praticamente perdi a convivência que tinha com ela após seu casamento porque simplesmente não me encaixo em seu novo modo de vida 



No começo (quando ainda saía com os dois) um grupo de 15 pessoas iam, todos os domingos, na única pizzaria que o marido dela aprovava. Como eu gosto de conhecer lugares novos, pouco tempo depois eu comecei a sugerir outras pizzarias e ela me dizia que seu marido era muito exigente com atendimento dos garçons e que aquela era a única pizzaria que ele não implicava. E por isso 15 pessoas tinham que ir à pizzaria que ele gostava?!!!



Ela sempre aceita que o marido faça apenas as vontades dele e ignore as dela, mas ele estava exigindo que as 15 pessoas também fizessem suas vontades...



Sempre respeitei as decisões do casal e nunca falei nada similar ao conteúdo deste blog para o marido dela, mas na concepção dele eu sou um homem. Porque? Simplesmente porque ele não me acha tão “feminina” quanto a mulher dele. E o que é ser feminina na concepção dele? Submissa? Sem opinião? Sem profissão? Dependente? Ir sempre ao salão? Estar sempre na moda? Infelizmente, ele é o tipo de cara que tira 20 dias de férias, viaja pelo mundo a lazer e deixa a mulher cuidando do filho pequeno em casa. Se eles são tão ricos porque ela paga pra babá de confiança dela ficar com o menino, revezar com a avó e vai também? Acho que por culpa em deixar o filho sozinho e ser julgada uma mãe ruim. E ele? É um bom pai? Um bom marido? Ela largou a profissão dela pra cuidar do filho e hoje esta tomando antidepressivos... 

Em 1969, Betty ajudou a fundar a Associação Nacional para a revogação das Leis do Aborto, hoje conhecida como A Favor da Escolha Naral América (NARAL Pro-Choice America).

Em 1971, Friedan se juntou a outras líderes feministas como Gloria Steinem, Shirley Chisholm, Fannie Lou Hamer, Bella Abzug, e Myrlie Evers-Williams e juntas fundaram a Organização Política de Mulheres. Por esse tempo, o livro Mística feminina era usado como verdadeira Bíblia pelo movimento das mulheres. Elas visavam colocar em prática todos os conceitos do livro e criar cada vez mais leis pensando nas mulheres também, porque segundo elas, até então, as leis eram feitas ignorando as mulheres.

A polêmica trazida por esse livro tinha espalhado reflexos pela Europa e também chegou ao Brasil, primeiro através da imprensa, e depois com a publicação do próprio livro, em 1971, pela ousadia de Rose Marie Muraro, que na época estava à frente da Editora Vozes, no Rio de Janeiro. Na orelha da primeira edição brasileira, a apresentação dizia que aquele havia sido o primeiro livro a denunciar a manipulação da mulher pela sociedade de consumo.

O "Problema que não tem nome" foi descrito por Friedan no começo de seu livro:
"O problema permaneceu enterrado e sem ser mencionado, por muitos anos na mente das mulheres americanas. Era uma agitação estranha, uma sensação de insatisfação, um anseio que as mulheres sofreram no meio do século 20, nos EUA. Cada esposa suburbana sofria com isto sozinha, enquanto fazia as camas ou ia ao supermercado … ela tinha medo de perguntar a si mesma a questão silenciosa: 'Isso é tudo?”

Friedan informa que as mulheres são tão capazes quanto os homens para desempenhar qualquer tipo de trabalho ou seguir qualquer carreira, enquanto a mídia de massa, educadores, e psicólogos diziam o contrário.

As restrições dos anos 50 e os sentimentos presos e encarcerados de muitas mulheres forçadas a aceitar esse papel, atingiram as mulheres que logo começaram a atender e a se conscientizar e lutar pela reforma das leis opressivas e visões sociais que as reprimiam. O livro se tornou um bestseller, que redirecionou os eventos nacionais e mundiais.

 

Relatório ensinando como atingir a igualdade entre os sexos - enviado ao presidente dos Estados Unidos


Em 1977 Betty juntou alguns dos líderes mais influentes e de grande visibilidade dos EUA e 20 mil outras mulheres no Ano Internacional da Mulher e realizou uma convenção que enviou um relatório ao Presidente Jimmy Carter, ao Congresso dos Estados Unidos, e a todos os estados ensinando como atingir a igualdade entre os sexos.

 

No Brasil

Em abril do mesmo ano, Betty foi trazida ao Brasil pela editora para o lançamento da obra. Como a própria Rose Marie Muraro escreveria, anos depois, em sua autobiografia Memórias de uma mulher impossível, não era fácil ser feminista no Brasil naquela época e até hoje não é.

Ela própria, feminista assumida e atuante, era constantemente malhada e ridicularizada pela imprensa. Foi chamada de lésbica e feia pelo colunista Ibrahim Sued, sofreu com a turma do Pasquim, mas acabou se saindo bem em uma entrevista realizada ainda naquele ano pelo Jornal Nanico.

Sem cobrar cachê, viajando apenas com as despesas pagas, Betty veio para um lançamento duplo no país: na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, em São Paulo e no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro.

Logo que chegou ao Rio, foi levada por Rose para ser entrevistada por Millôr Fernandes e seus companheiros, sabidamente antifeministas, do Pasquim. Provocada durante toda a entrevista, ela se irritou e deu uma cacetada no gravador que foi parar longe.

Finda a troca de farpas, entrevistada e entrevistadores acabaram se entendendo. O número 94 do jornal, em que foi publicada sua entrevista, trazia a seguinte frase de capa: "Desculpe Dona Betty, mas nós vamos dar cobertura às furadoras da greve de sexo". Na edição, o jornalista Paulo Francis, o mesmo que havia iniciado a entrevista perguntando a ela se tinha vindo ao Brasil para dar fim à "submissão secular da mulher brasileira", declararia que eles haviam gostado dela, que "foi muito estimulante o papo com Betty Friedan".

A peregrinação por outros jornais de São Paulo e do Rio continuou. Muraro diz que até no cabeleireiro o Jornal do Brasil foi entrevistá-la: “...Demos uma entrevista coletiva no Rio de Janeiro, outra em São Paulo, e fomos a todas as televisões, durante três dias... Os jornais nos davam páginas centrais."

Tanto em São Paulo como no Rio o lançamento estava cheio. A mídia toda estava em peso. “A Veja fez uma matéria enorme comigo e com a Heloneida, e deu páginas amarelas para a Betty. E o livro não vendeu essas coisas porque ainda era muito assustador, disse Muraro.”

Uma movimentada agenda complementaria sua estada no Brasil. Conheceu as mulheres que marcharam em 64, pela família, Deus e a propriedade, visitou favelas, onde conheceria avós de 32 anos e mulheres que sustentavam suas famílias sozinhas, fazendo com que ela logo as relacionasse com as moradoras de comunidades negras americanas.

Conheceu torturadas, almoçou com grandes empresários da área da comunicação como Roberto Civita (Grupo Abril) e Adolpho Bloch (Bloch Editores). Deste último, tornou-se amiga ao descobrir que suas famílias vinham do mesmo lugar da Ucrânia.
Rose Muraro relata ainda que Friedan teria se queixado da própria Rose por ter feito pouco caso dela durante a entrevista ao Pasquim. Rose se justificou dizendo ter apenas lhe alertado de que eram os jornalistas que estavam ridicularizando o feminismo.

A brasileira, por sua vez, reclamou de Friedan por ter falado muito mal dos militares, o que mais tarde acabou repercutindo na volta da escritora aos Estados Unidos, já que Rose passou a ser vigiada por eles e continuou por mais seis meses.


Se Betty Friedan tivesse ficado mais tempo aqui, quem sabe as coisas não estariam bem diferentes por aqui...

Do impasse, Muraro iria se inspirar na imensa coragem de fazer o que tinha de ser feito, a partir da luta daquela americana corajosa.

Insatisfeita com o que chamou de fatos distorcidos pela imprensa na época, a jornalista e psicanalista Carmen da Silva manifestou nas páginas de sua seção A Arte de Ser Mulher, na revista Claudia, seu protesto pelo preconceito da imprensa brasileira contra Betty Friedan:

Durante essa visita verifiquei, por mim mesma, que nem sempre se pode dar crédito ao noticiário. Friedan dizia uma coisa e os meios de comunicação distorciam tudo. Cansei-me de ouvi-la expressar com mediana clareza idéias que logo apareciam truncadas e deformadas; vi como lhe foram atribuídos, sem cerimônia e contraditados com a maior suficiência, conceitos que ela jamais emitiu. Isso, sem falar nas perguntas primaríssimas que foram dirigidas a uma mulher com formação universitária, nos grosseiros ataques a uma hóspede cortês e nas suposições gratuitas sobre sua vida íntima.

A militância feminista de Betty Friedan a marcou para a vida inteira e influenciou os estudos sobre gênero e mulheres nas universidades americanas.

Nos EUA os alunos estudam a história do feminismo, o que permite com que eles conheçam figuras tão importantes quanto Betty Friedan e que, consequentemente, os influencie pela vida.

Aqui, além de termos que ficar aturando professores, autores, incentivadores de piadas e comportamentos machistas, existe um tom, nos livros de história distribuídos no Brasil, que conta com menos entusiasmo e atribui um tom de “menor genialidade” às mulheres que conseguiram se destacar mesmo com tanta opressão. E muitas até são esquecidas.

Outros escritos importantes vieram, mas nenhum alcançou a mesma repercussão de A Mística feminina, alçado à condição de clássico.

Friedan publicou 6 livros:
Sua autobiografia, Life so Far - 2000.
Beyond Gender - 1997.

Este último livro animou as discussões sobre o envelhecimento. Há quem diga que quando mais velha, Betty Friedan se afastou da temática feminista, sendo acusada inclusive de traidora da causa por feministas radicais, mas Betty alega (e eu concordo) que as feministas acabaram por extrapolar e reclamava que elas tinham se tornado um poço de ódio contra o sexo masculino.

É por isto que nunca aceitei ser intitulada como feminista. Para muitas essa palavra significa ódio ao sexo masculino. Além disto, se queremos igualdade e o machismo significa a superioridade do sexo masculino, então, seguindo o princípio da igualdade, o feminismo também deveria significar superioridade feminina, mas significa igualdade. O que já é uma falta de igualdade conceitual.

Detesto rótulos, mas se tivesse que ser intitulada de alguma coisa preferiria o título de humanista, porque sou a favor do ser humano e não acredito na superioridade de nenhum sexo, raça, religião, etc.;

 

A revista Veja entrevistou Betty Friedan em 1995 e manteve o tom de desconfiança, demonstrando que, não entendeu o movimento e seus resultados. As perguntas feitas à Betty são meio ofensivas. Quem quiser ler a entrevista por email, é só  entrar no site da veja, clicar em edições anteriores, 1995 e escolher a veja que tem o Miguel Falabela na capa. É possível ler a entrevista completa pelo site.

 

Ativismo no movimento das mulheres

 

Organização Nacional para mulheres

 

Em 1966 Betty Friedan co-fundou, e se tornou a primeira presidente da Organização Nacional para mulheres. Ela, junto com Pauli Murray, a primeira mulher sacerdote episcopal negra, escreveram a missão da organização. Friedan saiu da presidência em 1969.

Sob seu comando, a NOW (National Women’s Organization – Organização Nacional das Mulheres) agiu ferozmente para conseguir a igualdade jurídica entre mulheres e homens. Primeiro fizeram lobby para o cumprimento dos Direitos Civis Título VII de 1964 e para a Lei de Pagamentos Iguais de 1963.

Essas duas ações se tornaram as duas maiores vitórias do movimento, e forçaram a Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego a parar de ignorar e resolver as reivindicações que envolviam discriminação sexual com dignidade e respeito.

A campanha à Ordem Executiva que concederia às mulheres a mesma Ação Afirmativa* concedida aos negros e uma decisão de 1968 da EEOC* posteriormente acolhida pela Corte Suprema tornaram ilegal a segregação por sexo.

EEOC* - (Equal Employment Opportunity Comission – Comissão pela Igualdade de Oportunidade de Empregos), é uma Agencia Federal Independente que impõe leis contra a discriminação no trabalho. O EEOC investiga discriminação baseada na raça, cor, sexo, descendência, religião, orientação sexual, idade, deficiência. E também investiga retaliações por se comunicar ou se opor a prática discriminatória.

O Brasil precisa urgentemente de uma comissão destas por aqui. Quanto mais diminuirmos as diferenças entre todos, maiores os benefícios à sociedade. Já foi provado que o convívio de não deficientes com deficientes é muito benéfico para ambas as partes. As mudanças decorrentes do espaço conquistado pelas mulheres nas empresas e suas conseqüentes reivindicações tem respingado nas famílias e na sociedade. 

Não é só a mulher que precisa ser integrada, mas a mulher tem o “azar” de não conseguir ser vista  como uma “classe” que precisa de leis específicas. Ao contrário dos negros, por exemplo, que pelo menos já possuem leis que os protegem de discriminação.

Ação afirmativa* - são medidas especiais tomadas pelo estado, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros. As ações afirmativas nasceram na década de 60, nos E.U.A, com o Presidente John F. Kennedy, como forma de promover a igualdade entre os negros e brancos norte-americanos.

NOW apoiava a legalização do aborto, assunto este que dividia algumas das feministas.

 

O direito ao Aborto


Aborto: Um direito civil da mulher

“O direito da mulher de controlar seu processo reprodutivo precisa ser oficializado como um direito civil básico e inalienável, não pode ser negado ou cerceado pelo Estado. Que direito tem um homem de dizer a uma mulher que você deve ter essa criança? Que direito tem o estado? Este é um direito da mulher, não é uma questão técnica necessitando da sanção do Estado, ou a ser debatido em termos de tecnicalidades, todos eles são irrelevantes. Esta pergunta só pode ser feita a mulher, que tem uma personalidade e dignidade, que será violada para sempre se ela não tiver o direito de controlar seu próprio processo reprodutivo. Este é o único jeito que vale a pena falar sobre aborto, nós vamos exigi-lo e ver o que acontece...” (Discurso proferido na Primeira Conferência Nacional de revogação de leis sobre o aborto, Chicago, janeiro de 1969, citado em Friedan, isso mudou minha vida, p. 171.) 1”


Friedan fundou a Associação Nacional para revogação das leis anti aborto, depois renomeada para Liga de Ação Nacional do direito ao aborto, e depois de Suprema Corte de Legalização do Aborto, em 1973.

“Apoio a idéia de que o aborto é uma escolha da mulher, que não deveria ser um crime ou simplesmente a escolha de um médico”.

Betty ajudou a formar a NARAL Pro-Choice America – Naral a Favor do Direito a Escolha de Abortar, num momento em que o órgão de Planejamento Familiar ainda não apoiava o direito ao aborto.

Betty recebeu ameaças de morte antes de dois eventos onde falaria a respeito do assunto, os quais foram cancelados. Mas logo depois uma das instituições anfitriãs, o Loyola College, a convidou para falar sobre este e outros assuntos.

Em 1980, ela declarou que acreditava que o aborto deveria ser tratado dentro do contexto de " a escolha de ter uma criança", uma formulação apoiada pelo Sacerdote Católico Romano que organizava a participação Católica na Conferencia da Casa Branca para famílias naquele ano, embora talvez não pelos bispos acima dele.

A resolução incorporando a formulação passou de 460 a 114, e foi muito bem considerando que, a formulação pela igualdade, e pela preferência sexual tenham passado apenas por 292 a 291.

Em 2000, ela escreveu se referindo ao NOW e a outras organizações de mulheres “Parecemos estar num túnel do tempo. Pra mim, existe muita atenção dirigida ao aborto. . . . Nos últimos anos eu me tornei um pouco apreensiva com este foco exagerado que o movimento concede ao aborto, como se fosse o único assunto importante para as mulheres, quando não é.”

Como disse no primeira publicação deste site, esse nao é o foco deste blog. Quando começamos a discutir sobre aborto, um assunto tão polemico, paramos nele e nao resolvemos nada. Esse assunto, como a violencia contra a mulher faz parte do "topo do everest", é a ultima gota. Este blog existe para desconstruir a montanha que leva ao topo.



Em 1970, as mulheres e o sindicato do trabalho se opuseram ao ERA (Emenda por Direitos Iguais) mas depois apoiaram totalmente e a NOW aprovou.

NOW também fez lobby para o dia nacional da creche.

Em 1973, Friedan fundou o primeiro banco de mulheres e uma espécie de Companhia de Consultores Financeiros e banqueiros pessoais para gerir o patrimônio das mulheres, chamado Trust Company.

 

Greve das mulheres por igualdade


Em 1970 Friedan liderou outras feministas para revogar a nomeação G. Harold Carswell, nomeado da Suprema Corte Americana, cujo histórico de discriminação racial e anti feminismo fez dele inaceitável e impróprio a integrar a parte mais alta da corte do país. Ter Friedan no comando da NOW, em 1970, foi fundamental para derrubar a nomeação de G. Harrold Carswell. O depoimento apaixonado de Friedan perante o Senado ajudou afundar a nomeação de Carswell's.

Em 26 de Agosto de 1970, no 50º aniversário da Reforma que garantiu as mulheres o direito ao voto pela Constituição, Friedan organizou a greve nacional das mulheres pela igualdade, e liderou uma passeata com 50,000 mulheres na cidade de Nova Iorque. Inacreditavelmente bem sucedida, a passeata expandiu muito o movimento, para a alegria de Friedan.

Friedan falou sobre a greve:
"Todos os tipos de mulheres em todo o país vão usar esta semana para apontar as áreas da vida que ainda não estão resolvidas. Como por exemplo, qualquer lei que relate desigualdade, queremos A REFORMA PELOS DIREITOS IGUAIS; A inadequação das creches que as mulheres necessitam se quiserem assumir seu lugar correto, visando ajudar nas decisões da sociedade; O direito da mulher em controlar seu processo reprodutivo, isto é, leis que proíbem o aborto no país ou nos colocam como criminosas; Eu acho que esta deveria ser uma lei que nós deveríamos resolver por nos mesmas...

... eu acredito que um indivíduo mulher irá reagir diferentemente; neste dia algumas não vão cozinhar, algumas vão dialogar com seus maridos; algumas estarão nos comícios e manifestações que estarão ocorrendo em todo o país. Outras estarão escrevendo onde querem chegar. Outras estarão pressionando os Senadores e seus Deputados para corrigir leis que afetam as mulheres e aprovar leis que as favoreçam. As mulheres estarão fazendo suas próprias coisas da sua própria maneira. "
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Política Nacional das Mulheres


Em 1971 Friedan, junto com um incontável número de outras líderes, incluindo Gloria Steinem, com quem teve uma lendária rivalidade, fundaram a Política Nacional das Mulheres.

Em 1972, Friedan saiu como candidata a Deputada, pelos Democratas, como forma de apoiar a Deputada Shirley Chisholm que se candidatou a presidência, mas não ganhou.

Shirley Chisholm foi uma das quatro fundadoras da Política Nacional das Mulheres e sempre dizia que durante seus 20 anos na política tinha sofrido muito mais discriminação por ser mulher do que porque ser negra. Ela lutou tanto pelas mulheres que era frequentemente criticada por não dar atenção aos negros.

No mesmo ano no DNC Friedan teve um papel fundamental e dirigiu a convenção, apesar de ter colidido com outras mulheres, especialmente Steinem, sobre o que deveria ser feito e como.

 

A imagem e a homogeneidade do movimento

 

Friedan se opôs a igualar o feminismo ao lesbianismo. Em 1964, logo no início do movimento, e somente um ano após a publicação do livro The Feminine Mystique, Friedan apareceu na televisão para dizer que a mídia estava, naquele momento, tratando o movimento como uma piada e focando em argumentos e debates como usar sutiãs ou não e outros assuntos considerados ridículos.

Em 1982, ela escreveu um livro para as consideradas pós-feministas dos anos 80 chamado O Segundo Estágio, que falava sobre vida em família, e fazia uma premissa sobre se as mulheres tinham conseguido ultrapassar barreiras sociais e legais.

Ela fez com que o movimento focasse em problemas econômicos, especialmente a respeito da falta de igualdade em empregos e negócios, suprimento de creches e outros meios pelos quais MULHERES E HOMENS PODERIAM EQUILIBRAR FAMÍLIA E TRABALHO. 

O que ninguém nunca parou pra pensar é que o preconceito contra a mulher é maléfico ao homem também. Ele não tem a oportunidade de se envolver mais com a família, de se sensibilizar, de perder o orgulho ao desempenhar algum tipo de trabalho que considere humilhante por ser “um trabalho de mulher”. Ambos os sexos necessitam desse equilíbrio. Não podemos mais nos sentir metade de um todo. 

Ela tentou diminuir o foco no aborto, já que era um assunto já ganho e pornografia, o que ela acreditava que a maioria das mulheres não considerava como um assunto de alta prioridade.

 

Políticas Lésbicas

Durante sua adolescência em Peoria, Betty conheceu apenas um homem gay. Ela disse, "a idéia do homosexualismo me fez sentir profundamente inquieta."

Ela reconhecia que era muito quadrada e não se sentia confortável com a homosexualidade.
"O movimento das mulheres não é sobre sexo, mas sobre oportunidades iguais no campo de trabalho e tudo o que isso envolve. Sim, eu penso que você dirá que liberdade na escolha sexual faz parte disso, mas este não deve ser o assunto principal . . ."

Ela inicialmente ignorou as lésbicas no NOW. “Homosexualidade . . . na minha opinião, não tem nada a ver com o motivo deste movimento.” Enquanto se opunha a toda repressão, ela escreveu e se recusou a usar uma faixa roxa ou se auto identificar como uma lésbica (embora fosse heterosexual) como uma forma de solidariedade política, considerando que este assunto não fazia parte da corrente principal do movimento como aborto e creches.

Em 1977, na Conferencia Nacional das Mulheres, ela apoiou uma campanha lésbica e disse: “todos acharam que eu iria me opor”. Mas ela aprovou com o intuito de mover para outros assuntos os quais considerava mais importantes e menos polêmicos como o esforço em adicionar a Emenda de Direitos Iguais (Equal Rights Amendment - ERA) na Constituição dos Estados Unidos.
Então ela aceitou as lésbicas “Aproveitem!”, embora não fosse sua praia.

Em 1995, na ONU, na Quarta Conferencia da Mulher, em Beijing, na China, ela deu alguns conselhos aos motoristas de taxi dizendo que as lésbicas ficariam nuas e iram “brincar” no carro deles, então era melhor que eles pendurassem uns lençóis pra não se chocar. E já que as lésbicas deviam ter AIDS, então os motoristas deveriam carregar desinfetantes para ser “ridículo, incrivelmente estúpido e insultante”.

Em 1997, ela escreveu que “o ideal é que as crianças . . . saibam que vieram da união de uma mulher e um homem.”

Em 2000, ela escreveu, “Agora, sou mais aberta ao assunto.”

 

Quando eu era mais jovem, (sim penso nessas coisas desde os 9 anos) eu tinha a ilusão de que todas as pessoas que sofriam algum tipo de preconceito não teriam preconceito com as outras.

 

Por exemplo, um gay não teria nenhum tipo de preconceito contra a mulher. Ou um negro não teria nenhum tipo de preconceito contra um gay.

 

Achava lógico. Porque se uma pessoa sentia o preconceito na pele, ela compreenderia que ter inúmeros limites impostos, ser subestimado e pré-julgado é errado e lutaria pelos outros que também sofrem preconceito... mas eu estava errada.

 

Apenas alguns anos atrás, fui entender que as pessoas não são assim. Tenho um amigo gay que é extremamente machista. Ele é o rei das piadas que denigrem as mulheres. Ele quer ser servido pelas mulheres e assim vai. (Existem historiadores que comprovam que os horrores contra as mulheres muçulmanas nasceram de um cara com problemas de identificação com a própria sexualidade, isto é um gay que não se assumia). Conheço muitos negros preconceituosos com a mulher.

 

Conheço muitos pobres que são machistas (isso é meio comum) e assim vai... As pessoas tem essa mentalidade de fazer tudo pela família e o resto da humanidade que se dane. Ou então de lutar apenas pelo o que te interessa e as vezes até ajuda a piorar o preconceito existente contra o que não te atinge. Uma coisa esta ligada a outra. Se permitimos que sentimentos de indiferença cresçam dentro de nós, temos que raciocinar que outras pessoas farão o mesmo.

 

DEVEMOS SER HUMANISTAS e não apenas feministas, ou anti-sexistas.

 

Eu digo NÃO a qualquer tipo de preconceito, discriminação, repressão...

 

Pornografia

Ela se juntou a aproximadamente 200 outras feministas pela liberdade de expressão. “Suprir a liberdade de expressão achando que assim protegemos as mulheres é perigoso e errado.” Seria quase como criar uma “nova” religião onde tudo é impuro e proibido as mulheres, porque perder a definição do que é considerado proibido seria muito fácil e assim, estaríamos criando mais uma restrição à elas. Isso interferiria no dia-a-dia das mulheres, tudo passaria a ser impuro, tudo teria censura...

“Mesmo uma propaganda de jeans pode insultar e denegrir a mulher. Não sou contra a um boicote, mas não acho que isto deva ser ilegal.”

Exatamente, não quer dizer que nós mulheres não poderíamos nos unir para não sermos exploradas sexualmente nos filmes.

A sociedade, assim como os filmes exploram o corpo da mulher e na grande maioria das vezes o homem não mostra nada. 

Na hora de escolher a atriz que vai fazer este papel, esta cláusula já existe no contrato, caso ela não aceite eles contratam outra; Isso é pressao pura que só se resolveria se nos unissemos.

Influencias


Betty Friedan influenciou milhões de pessoas em seu país e fora dele. É dela o mérito por ter começado o movimento contemporâneo e ter escrito um dos livros mais poderosos dos Estados Unidos.

Sob sua influencia educadores, escritores, antropólogos, jornalistas, outros ativistas, organizações, uniões, e a própria mulher participaram do movimento feminista.

Depois dela, surgiram inúmeros escritores falando não só sobre ela, mas também sobre suas idéias e conquistas.

Ela foi uma forte fonte de inspiração para muitas pessoas pelo seu forte papel durante os anos 60.

- Allan Wolf é um autor muito inspirado por Friedan e escreveu sobre sua vida e indivíduos que estudaram o livro The Feminine Mystique com atenção ao artigo The Mystique of Betty Friedan. Wolf afirma que “Ela ajudou a mudar não só o modo de pensar das mulheres, mas também modo de vida de muitas delas”. Ele também escreveu Modern Feminism.

- Judith Hennessee escreveu Betty Friedan: Her Life.

- Daniel Horowitz, professor de Estudos Americanos no Smith College, escreveu Betty Friedan and the Making of the Feminine Mystique: the American Left and the Cold War que estuda a vida de Betty e o feminismo. O livro foca a entrada de Friedan no feminismo. Horowitz explica como o envolvimento de Friedan com a questão da mulher foi completo e profundo mesmo antes que ela começasse a trabalhar no livro The Feminine Mystique. Ele diz que o feminismo de Friedan começou antes de 1940. E vai fundo não na vida de Friedan, mas em suas idéias sobre o feminismo. Ele ainda tenta conectar a vida de Friedan  com a história do feminismo americano.
E continuou escrevendo sobre sua vida e obra.

- Justine Blau também foi bastante influenciada por Betty Friedan e escreveu o livro: Betty Friedan: feminista. Ela escreve sobre a vida pessoal e profissional de Friedan através do movimento feminista.

- Lisa Fredenksen Bohannon também escreveu sobre a vida de Friedan no livro Woman’s work: The story of Betty Friedan. Ela vai fundo na vida pessoal de Friedan e escreve sobre seu relacionamento com a mãe.

- Sandra Henry e Emily Taitz escreveram Betty Friedan, Fighter for Woman’s Rights.

- Susan Taylor Boyd escreveu Betty Friedan: Voice of Woman’s Right, Advocates of Human Rights e biografias de Friedan.

- Janann Sheman um jornalista que trabalhou com Friedan e foi muito influenciado por ela, escreveu um livro com as 22 entrevistas que realizou com ela, em 36 anos. No seu livro: Interviews with Betty Friedan há entrevistas publicadas no New York Times, Working Women, e Playboy. Sheman tem entrevistas que relacionam sua visão da mulher, do homem e da família.

Personalidade


Do Jornal The Guardian, publicado em 07/02/2006 por Germaine Greer, com o título de "The Betty I Knew"

Betty Friedan "mudou o curso da história quase que sozinha". Essa crença era a resposta para desvendar seu comportamento. Ela costumava ficar indignada se ela não fosse tratada como achava que merecia.

Embora seu comportamento fosse incômodo, ela justificava seu comportamento: “as mulheres não conseguem ser tratadas com o respeito que merecem ao menos que estejam exercendo o poder masculino; se fossemos representar as mulheres com uma palavra muitos diriam amor.” E Betty queria mudar isto para sempre.

Se ela chegasse a algum lugar e não recebesse o tratamento que achava que merecia ela ficava muito nervosa. Ela dizia que a maioria das mulheres não era tratada com o respeito que os homens eram tratados. “ A sociedade espera a todo tempo que a mulher seja dócil, submissa e não tenha voz de comando, que não seja agressiva, que abra mão do poder, se for um pouco mais agressiva logo dirão que ela sofre de problemas hormonais...”

Betty não aceitava outro tratamento a não ser o mesmo que dariam a um homem e isso mudou o comportamento das mulheres norte-americanas para sempre. É graças a ela que hoje, as mulheres conseguem se posicionar em cargos de comando e poder.

Carl Friedan, seu ex-marido:

“Ela mudou o curso da história e do mundo quase que sozinha. Isto se deve a uma personalidade objetiva, focada, super agressiva, egocêntrica e quase que lunática para impactar o mundo deste jeito. Infelizmente, ela era essa mesma pessoa dentro de casa, onde esta conduta nunca funcionaria. Ela simplesmente nunca entendeu isso.”

A escritora Camille Paglia, que foi denunciada por Friedan numa entrevista a Playboy, no Entertainment Weekly

Betty Friedan tinha medo de ser chamada de grosseira. Ela detestava coisas “muito feminina” e o comportamento burguês e nunca perdeu sua etnia terrena.

Betty Friedan, em sua biografia Life So Far

A verdade é que eu sempre fui mau-humorada. Algumas pessoas dizem que com o tempo eu fui amolecendo. Eu não sei . . .

 

Vida pessoal


Betty se casou com Carl Friedan, um produtor de teatro, em 1947 enquanto trabalhava no UE News. Friedan continuou a trabalhar mesmo depois de casada, primeiro como assalariada e, depois em 1952, como jornalista freelancer por ter sido despedida por estar grávida.

Betty e Carl se divorciaram em Maio de 1969.

Betty disse em seu livro, Life So Far (2000), que Carl batia nela; amigas como Dolores Alexander se lembram de ter mascarar seus olhos roxos para uma coletiva da imprensa (Brownmiller 1999, p. 70).

Carl Friedan negou numa entrevista para a revista Time logo depois do livro ser publicado, descrevendo a acusação como “uma fabricação”. Mais tarde ela disse, no Good Morning America, “Eu queria nunca ter escrito sobre este assunto, porque isto caiu na mídia sensacionalista. Meu marido nunca foi um espancador, e eu nunca fui uma vítima passiva. Nós brigavamos muito, e ele era maior do que eu.”

Carl Friedan morreu em Dezembro de 2005.

Os Friedans tiveram três filhos: Emily, Daniel e Jonathan. E nove netos:
David, Isabel, e Meira filhos de Emily.
Lara, Birgitta, e Benjamin, filhos de Daniel.
Rafael, Caleb, e Nataya, filhos de Jonathan.

Um de seus filhos, Daniel Friedan, é um físico teórico muito respeitado.
Friedan morreu por insuficiência cardíaca em sua casa em Washington, em 04/02/2006, coincidentemente no seu 85º aniversário.

 

 

 

 

Referências

 

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29. ^ Friedan, Betty. Life So Far, op. cit. Page 219.
30. ^ Friedan, Betty. Life So Far, op. cit. Page 176.
31. ^ Friedan, Betty. The Second Stage, op. cit. Pp. 94–95.
32. ^ Friedan, Betty. The Second Stage, op. cit. Page 98.
33. ^ Friedan, Betty. The Second Stage, op. cit. Pp. 95–96.
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No brasil
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4 Dados recolhidos de José Luiz BRAGA, 1991.
5 MURARO, 1999, p. 169.
6 Do artigo "O que é uma mulher livre?", de Carmen da Silva, publicado em julho de 1971, em Claudia, não paginado.
7 BRAGA, José Luiz. O Pasquim e os anos 70: mais pra eba que pra oba. Brasília: Editora UnB, 1991.
8 FRIEDAN, Betty. Mística feminina. Petrópolis: Vozes, 1971.
9 MURARO, Rose Marie. Memórias de uma mulher impossível. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1999.

Links
• National Women's Hall of Fame: Betty Friedan
• American Writers: Betty Friedan
• Betty Friedan's Biography from The Encyclopaedia Judaica
• The Sexual Solipsism of Sigmund Freud (chapter 5 of The Feminine Mystique)
• Booknotes interview with Friedan on Fountain of Age, November 28, 1993.
• First Measured Century: Interview: Betty Friedan
• Sublimated Backlash: reviewing the book Enlightened Sexism ArtsEditor.com
• Betty Friedan: Late Bloomer.
• Find a Grave: Betty Friedan
• Cheerless Fantasies, A Corrective Catalogue of Errors in Betty Friedan’s The Feminine Mystique
• Anything you can do, Icon do better — Germaine Greer remembers Betty Friedan
• After a Life of Telling It Like It Is: Betty Friedan Dies at Age 85, Lys Anzia, Moondance magazine Spring 2006
• Betty Friedan at Find a Grave

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